quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Metro(s)

O meu dia começa de maneira diferente, quando venho no meu metro.
O metro seguinte, o que apanho quando me atraso, é um metro vencido pela letargia… onde de mente entorpecida todos se sentam, meio a dormir, a olhar pela janela ou fechando os olhos escondidos pelos óculos de sol. É um metro diferente, onde por vezes a minha agulha de crochet não sai do saco, intimidada, com medo de perturbar com actividade um ambiente tão parado. Tão estranho, não meu.
Hoje vim naquele que é o meu metro. 20 minutos é o que basta. Um metro cheio de vida, cheio do burburinho de pessoas que começam o seu dia-a-dia, pleno de conversas. Neste metro, que é o meu, as minhas mãos entretêm-se com o crochet, e a mente com as conversas das gentes que fazem do metro o início do seu dia. O início do meu dia.
De que outra maneira podia eu aprender que a D. Alice “aquela loja de roupa prós lados do mini-preço e do BES” é careira durante o ano, um par de calças chega a custar 20 euros, mas “nesta altura dos saldos já se compram coisas por 2 euros, 2 euros e meio, vale a pena”?
Ou que o brasileiro ao pé do mercado leva 4 euros por umas capas, “pode ser carote, mas duram e duram e duram… o pior é que damos 10 euros por um par de sapatos e depois custa 4 euros pôr-lhes umas capas… mas a gente afeiçoa-se aos sapatos, não é?”…
As gentes que enchem o metro, o meu metro, ajudam-me a começar o dia. O meu dia.

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